terça-feira, 18 de maio de 2010



LOUCO INSTANTE

Na madrugada em que te despes
No dia em que acaricias o tempo
Na noite em que te transformas
Tudo fica diferente
Fica diferente a alma dos que te observam
Fica diferente o rosto dos que te contemplam
Fica diferente o rosto dos que te tocam
E fico eu diferente, em tudo, porque te pertenço
Sou de ti e não sou teu
Vejo-me em ti e não sou eu
Reconduzo-me até mim e o meu ser desapareceu
Na tarde em que te observas
Na manhã em que te modificas
No tempo em que em ti eu entro
Saio de mim e não me controlo
Solto-me e não me domino
Revolto-me e não me pacifico
Mas em mim mudo
As rugas que marcam a existência
A pele que com a tua se funde
Os olhos que nos teus olhos navegam
Liberto-me e em ti fico
Na hora em que me abandonas
No instante em que já não me beijas
No segundo em que matas as palavras
Fazes-me morrer de boca áspera
Fazes-me vomitar todo o meu passado
Fazes-me saborear todo o teu sexo
Fazes-me sentir o que o tempo permitir
Se o tempo estiver em nós
E se para o tempo conseguirmos sorrir
No momento em que gememos de prazer
No curto espaço de tempo em que encurtamos o tempo
E o fazemos só nosso e de mais ninguém
Conseguimos chegar a todo o lado em simultâneo
Conseguimos abraçar tudo o que é intocável
Conseguimos receber tudo o que do mundo queremos
E na fantasia de um orgasmo
Morremos.

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