sábado, 22 de maio de 2010




TEMPLO DE NENÚFARES

Voltei ao templo dos nenúfares
Voltei às águas dançantes
E nos ventos ignorantes
Encontrei anéis feitos de raios de sol
Mas o que buscava era o teu rosto
O teu sorriso de abril
O teu mar de malmequeres
O teu corpo à medida da minha pele
Porém, não estavas nesse mundo
Nem em mundo algum
Nem para ninguém
Nem sequer para mim
Porque o templo estava fechado
O vento estava parado
E os malmequeres espalhavam-se num mar sem fim
Por que te procuro, rosto ausente
Por que te busco, sorriso quente
Não sei
Deixarei o templo um dia
Abandonarei as águas em qualquer altura
Quebrarei os anéis em algum momento
E as formas do teu corpo em movimento ficarão paradas
Ausentes
Desfiguradas
No dia em que fechar atrás de mim a porta do templo
Os ventos ignorantes voltarão a ter cor
E ajudar-me-ão a percorrer
As cores de um arco-íris que me espera com asas de ouro pintadas
E então as formas do teu corpo
O teu rosto
O teu sorriso
Serão apenas utopias nos nenúfares desenhadas.

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