domingo, 11 de julho de 2010

Garça

Garça livre de pensamento
Abre as asas
Vai ao céu
Para lá do mundo real
Beija o azul deste momento
Tu és dança
Flor
Movimento
Esconde tudo o que me fez mal

Garça livre
De devaneios partilhados
Solta o canto
Solta-o em harmonia
Reiventa todos os sonhos inventados
E no mar da vida desenha a rebeldia

Garça inquieta de cor suave
Toca as nuvens
Como só tu sabes fazer
Não percas a tua liberdade
Escreve nos céus
Versos longos, como são os teus
Deixa a tua poesia viver

Garça feiticeira que me encantas
Neste país da ilusão
Vem buscar-me, quero voar
Tenho vontade de partilhar
O sonho
A vida
O meu coração
Meu tudo

Meu tempo que andou perdido
Minha alma regressada
És o meu mar outrora sofrido
Criança à beira da estrada
Minha vida feita de cores
Minha seda louca e estendida
Traz-me de volta os sabores
Que mataram a fome à vida
Minhas papoilas esvoaçando
À brisa suave da Primavera
Vós sois aves no espaço dançando
Muro branco enfeitado de hera
Minhas ondas bailando em som
Neste tempo sem voz nem magia
Dai-me todo o mar feito em dom
Da pura palavra poesia
Melodias harmoniosas que consigo ouvir
De madrugada ao acordar
Ficai neste tempo que quero vestir
Para que o sonho seja feito a cantar
Noite

Borboleta estranha
Por que vens agora
Com surpresa tamanha
Sussurrar-me suaves segredos
De tempos ignotos vividos outrora
Nas cores que transportas e que me revelas
Nos sons que trazes dos sonhos sentidos
Vêm os aromas de vidas tão belas
E fantasmas de tempos que estavam perdidos
Trazes os anjos e as melodias
Trazes a suavidade do campo em flor
E a harmonia pura de toda a natureza
Enches-me o peito com laivos de amor
Suavizas-me as noites e embelezas-me os dias
E vestes as dúvidas com a seda da certeza
Borboleta distinta
De azul pintada
Em memória da claridade e da alvura
Não há na tua cor nada que desminta
Que a tua presença me envolve em ternura
Borboleta estranha
Nas asas que me ofereces
No bailado da tua perfeição
Os teus movimentos são palavras com que teces
Os poemas inesperados
De imagens ornamentados
Nascidos da noite em solidão.
A manhã do teu dia

É pura manhã
E há uma noite na tua alma
Na tua vida
Liberta as papoilas agrilhoadas
Espalha-as sobre os lagos da tua existência
E as suas águas ficarão para sempre abençoadas

Não te encantes com o sonho
Não te amarres ao teu pensar
Liberta todo o teu imperfeito sentir
Abraça os momentos que te fazem sorrir
Não tenhas medo do que não conheces
E os fios da vida que teces
Serão tudo o que queres descobrir

É puro o momento
E há palavras que nasceram para só tu as dizeres em poesia
Conta-lhes os segredos do vento
Verás que a noite que tens na tua alma
Conseguirá despedir-se
E nesta límpida manhã
Será para sempre o teu dia