domingo, 12 de dezembro de 2010

Encontrei a brisa à minha porta
Encontrei o perfume na minha vida
E se pensava que a noite estava morta
Enganei-me
Estava apenas adormecida

Deixei a porta sempre aberta
Para a brisa poder entrar
Dei as mãos ao meu perfume
E saí
Sem nenhum queixume
Mas com ondas no meu olhar

Percorri tempos sem destino
Cheguei a homem sem ser menino
E da vida sempre bebi
Noites plenas de escuridão
Pus a brisa no meu peito
Fi-la chegar ao meu coração
Para me embalar com melodias

À casa onde sempre regresso
A porta nunca se irá fechar
Tenho as melodias na minha voz
Já não tenho os meus dias sós
E a vida ensina-me a cantar
Trouxeste o sol à minha rua
Numa mão a alegria
Na outra a aventura
E ficaste assim desprendida
De tudo desinteressada
Oferecendo rasgos suaves de vida
A quem não tinha nada

Trouxeste magia em cada sorriso
E ondas de mar azul no cabelo despenteado
Nada mais era preciso
Chegaste em horas sem aviso
E todo o tempo nesta rua ficou assim
Perfumado

Trouxeste pétalas arranjadas
E ramos de flores cheirosas
Cheias de verdade
O sol ficou mais brilhante
A rua ficou mais viva
E pelas janelas que estavam fechadas
Deitei fora a saudade

Trouxeste tecidos transparentes
Para que o teu corpo pudesse ser livremente amado
Em cada mão palavras urgentes
No olhar velas ardentes
E na boca um beijo prolongado



Trouxeste espaço ao meu viver
Trouxeste horas para cada dia
E em cada dia te vejo chegar
Por que vais embrulhada em nostalgia
Sempre de noite fugidiaNa hora do meu acordar
Agora

Abriu-se a porta do mundo
Para o sol que quer entrar
Não vejo a escuridão
Há luz ao fundo
Há todo um azul para me orientar
Beija-me o vento de frente
Como se as pétalas se abrissem numa cor
Há tempo
Há movimento
Há dança
Há tudo isto a que chamo amor
Não me canso de mim mesmo
Neste tempo que agora nasceu
Sou a minha própria vida
Espaço, tempo, existência, água despida
Água que toda a flor bebeu
Abriu-se a porta do mundo
Não quero ficar lá fora
Tempo, vida, dá-me tudo
O que me roubaste outrora
Abriu-se o tempo e a porta
Que fechada se encontrava
Pintou-se de cores alegres
Numa tela que eu próprio lavrava
Abriu-se a porta e veio o mar
Abre os braços, rcebe a vida
Sê feliz, mesmo a chorar.