quinta-feira, 13 de maio de 2010



NA PRAIA, DEITADO

Deitei-me na praia da vida
A ver o mar que era azul
E de todas as cores que há no universo
Formei com os grãos de areia
O teu corpo
Perfeito
E imaginei o teu regresso
Ouvi a tua voz nas ondas
A cantar canções numa língua surpreendente
Beijei a tua pele salgada
E senti a boca quente, inquieta

Silenciei o tempo e o canto amargurado das gaivotas
Que sobre o teu corpo voavam
Anulei qualquer infelicidade
Que naquele momento pudesse sentir
Recriei os teus lábios
Aveludados
Na tua boca sempre a sorrir

Abri os olhos e limitei-me a saber que tu não estavas
Afoguei todas as ondas rebeldes
Que queriam fazer-me companhia
Despedi-me das rochas
Afaguei o sol
E inalei a brisa que do mar nascia

Levantei o meu corpo da areia
E nos seus grãos ficaram os nossos corpos
Enlaçados
Quis ser feliz e conhecer a perfeição
Dizer a todos e a tudo que tinhas regressado
Mas naquele momento
Sobre a areia parado
Vi apenas a solidão

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