terça-feira, 25 de maio de 2010




EU

Corro inquieto
Como se o amanhã fugisse de mim
Sou vento, tempo deserto
Procuro a razão de ser assim
Não vejo tempo para tudo o que quero
Não encontro água para o tamanho da minha sede
Constantemente hesito, recupero
Neste circo em que vivo não existe a rede
Vou saltitando
Qual andorinha que o longe procura
Nas águas que vou pisando
Beijo o riso, abraço a aventura
E se balanço com a brisa que passa
Nas sombras do tempo que me foge assim
Tento agarrar a cor que disfarça
A palidez dos dias sem fim
Sou erva daninha, água que corre
Sou margem de rio rasgada furiosamente
Sonho em cada instante que o tempo não morre
Porque só assim consigo ser gente
Bailo nas asas da gaivota que grita
Por cima das ondas de um mar em sal
E no perfume de cada manhã bonita
Encontro a forma de me desviar do mal
Sou muro erguido de branco caiado
Gato escondido querendo brincar
Nas janelas que abro fico encantado
E no toque das nuvens encontro o luar
Rasgo os caminhos que não percorri
Com as palavras da fantasia
E todos os versos que ainda não escrevi
São a seiva viva deste tempo em magia
Desenho palavras com as cores desta vida
Porque só assim me sinto preenchido
Sou horizonte, ave perdida
Sangue escorrendo ou vinho bebido
Sou fúria ou soco ou simples aviso
Daquilo que ainda não consigo saber
Beijo fugas nos lábios do meu sorriso
Serei tudo ou nada, sou gente a viver.

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